Seis mil produtores rurais podem ter sido enganados no Rio Grande do Sul. Parte do dinheiro teria sido usada para financiar campanhas de políticos.

A Polícia Federal está investigando o desvio de dinheiro de financiamentos da agricultura familiar no Rio Grande do Sul. Seis mil produtores rurais podem ter sido enganados.
Cheio de dívidas, o pedreiro Milton Staub abandonou o campo. “Não tem mais como continuar. A gente está sem crédito. A gente teve todo esse problema do dinheiro que foi desviado da nossa conta”, explica.
Ele foi um dos primeiros a denunciar a fraude nos empréstimos do Pronaf, um programa do governo federal de incentivos à agricultura familiar. Segundo investigações da Polícia Federal, representantes do MPA, Movimento dos Pequenos Agricultores, teriam desviado R$ 79 milhões dos produtores.
Uma outra entidade, a Aspac - Associação Santacruzense de Pequenos Agricultores Camponeses - era quem encaminhava os pedidos de empréstimo.
De acordo com documentos da Polícia Federal, o dinheiro era liberado pelo banco e desviado para contas de políticos ligados à associação. Enquanto isso os agricultores eram informados de que o empréstimo tinha sido negado e convencidos a fazer um novo pedido. Eles só descobriam o golpe quando as cobranças, de mais de um empréstimo, começavam a chegar.
O dinheiro era retirado com uma procuração, assinada pelos agricultores, junto com os contratos do Pronaf. Foi o que aconteceu com o agricultor Claudio Muller, que hoje tem uma dívida de R$ 70 mil. “Eu confiei no MPA, assinei em branco”, conta.
De acordo com as investigações, o dinheiro era distribuído entre os envolvidos no esquema. Um deles é o coordenador do MPA em Santa Cruz do Sul, vereador Wilson Rabuske, do PT. Ele é suspeito de desviar R$ 700 mil, e a mulher dele, R$ 300 mil. Rabuske negou as acusações.
“Foram feitos pagamentos pela minha conta pessoal. Quando a associação não tinha disponibilidade inclusive do uso de talões de cheques para nós honrarmos compromissos, nós usávamos a conta pessoal. E esses valores foram para isso”, afirma Rabuske.
No inquérito estão escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Em uma delas, funcionários da Aspac afirmam que parte do dinheiro teria financiado a campanha do vereador e também a do deputado federal do PT Elvino Bohn Gass.
Sete funcionários do Banco do Brasil estão sendo investigados. Entre eles, quatro gerentes, que foram afastados das funções.
O Banco do Brasil anunciou que está apurando as operações do Pronaf.
O deputado federal do PT do Rio Grande do Sul Elvino Bohn Gass não quis gravar entrevista. Numa nota, ele declarou que não há nada que possa ligá-lo às irregularidades supostamente cometidas pela Aspac ou pelo MPA e que defende a apuração rigorosa dos fatos.
FONTE;JORNAL NACIONAL
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