sexta-feira, 24 de outubro de 2014

PF investiga desvio de dinheiro de financiamentos da agricultura familiar

Seis mil produtores rurais podem ter sido enganados no Rio Grande do Sul. Parte do dinheiro teria sido usada para financiar campanhas de políticos.


A Polícia Federal está investigando o desvio de dinheiro de financiamentos da agricultura familiar no Rio Grande do Sul. Seis mil produtores rurais podem ter sido enganados.

Cheio de dívidas, o pedreiro Milton Staub abandonou o campo. “Não tem mais como continuar. A gente está sem crédito. A gente teve todo esse problema do dinheiro que foi desviado da nossa conta”, explica.

Ele foi um dos primeiros a denunciar a fraude nos empréstimos do Pronaf, um programa do governo federal de incentivos à agricultura familiar. Segundo investigações da Polícia Federal, representantes do MPA, Movimento dos Pequenos Agricultores, teriam desviado R$ 79 milhões dos produtores.

Uma outra entidade, a Aspac - Associação Santacruzense de Pequenos Agricultores Camponeses - era quem encaminhava os pedidos de empréstimo.

De acordo com documentos da Polícia Federal, o dinheiro era liberado pelo banco e desviado para contas de políticos ligados à associação. Enquanto isso os agricultores eram informados de que o empréstimo tinha sido negado e convencidos a fazer um novo pedido. Eles só descobriam o golpe quando as cobranças, de mais de um empréstimo, começavam a chegar.

O dinheiro era retirado com uma procuração, assinada pelos agricultores, junto com os contratos do Pronaf. Foi o que aconteceu com o agricultor Claudio Muller, que hoje tem uma dívida de R$ 70 mil. “Eu confiei no MPA, assinei em branco”, conta.

De acordo com as investigações, o dinheiro era distribuído entre os envolvidos no esquema. Um deles é o coordenador do MPA em Santa Cruz do Sul, vereador Wilson Rabuske, do PT. Ele é suspeito de desviar R$ 700 mil, e a mulher dele, R$ 300 mil. Rabuske negou as acusações.

“Foram feitos pagamentos pela minha conta pessoal. Quando a associação não tinha disponibilidade inclusive do uso de talões de cheques para nós honrarmos compromissos, nós usávamos a conta pessoal. E esses valores foram para isso”, afirma Rabuske.

No inquérito estão escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Em uma delas, funcionários da Aspac afirmam que parte do dinheiro teria financiado a campanha do vereador e também a do deputado federal do PT Elvino Bohn Gass.

Sete funcionários do Banco do Brasil estão sendo investigados. Entre eles, quatro gerentes, que foram afastados das funções.

O Banco do Brasil anunciou que está apurando as operações do Pronaf.

O deputado federal do PT do Rio Grande do Sul Elvino Bohn Gass não quis gravar entrevista. Numa nota, ele declarou que não há nada que possa ligá-lo às irregularidades supostamente cometidas pela Aspac ou pelo MPA e que defende a apuração rigorosa dos fatos.

FONTE;JORNAL NACIONAL

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